sexta-feira, 3 de abril de 2020

QUAL DOENÇA QUE ACOMETE O BRASIL?

O Brasil está vivendo um processo de autofagia. Tudo começou com os protestos populares de 2013, incentivados e amplificados pelos meios hegemônicos de comunicação visando desestabilizar os governos populares, com o apoio sub-reptício de potências estrangeiras, à espreita de nossas riquezas.
A Lava Jato, investindo estrategicamente contra as grandes empresas nacionais e a Petrobrás, em conluio com os EUA, liquidou com a infraestrutura produtiva nacional. Usando o método da justiça seletiva, perseguiu corruptos e inocentes com o objetivo de assumir o poder, criminalizando a política e viabilizando o golpe de estado que destituiu a Dilma e impediu Lula de voltar ao poder, sob os aplausos de uma turba acéfala que pregava a volta da ditadura. Pois só os tolos gostam de ser tutelados. Pessoas conscientes são donas de seu próprio destino e nutrem ojeriza à servidão voluntária.
Com isso, um conluio espúrio de instituições formado pelos poderes judiciário, legislativo, executivo e a grande mídia corporativa, tramando contra a vontade democrática do povo, elegeu um governo neofascista que, rapidamente, iniciou o desmonte de estado e de todas as conquistas sociais. As instituições, sustentadas pelo dinheiro da nação, ao invés de servir ao povo, voltou-se contra ele.
Enquanto diz seguir o lema “o Brasil acima de tudo”, Bolsonaro investe contra a Amazônia, os índios, o meio ambiente, os desfavorecidos, a educação, a cultura, os quirombolas, ou seja, ataca o Brasil profundo, ajoelhando-se diante dos ditames imperiais dos EUA.
A cisão e luta do Brasil das elites contra o Brasil popular guarda uma notável simetria com os mecanismos de uma doença autoimune, onde o sistema imunitário, por um erro de percepção, passa a eleger como inimigos partes do corpo que deveria proteger, dando início a um processo autodestrutivo.
Da mesma forma que há o “avesso, do avesso, do avesso. do avesso”, verifica-se aqui múltiplas simetrias, onde o macro (o Brasil) se reflete no micro (nas pessoas), e a doença nacional, como numa metástase, contagia e se alastra, infiltrando-se nos indivíduos.
Os mais suscetíveis são os mais politizados e empáticos, os quais, ao indignarem-se contra a demolição da nação, são acometidos de um estresse crônico - um dos maiores desencadeadores de uma doença autoimune.
O contágio fica tanto mais fácil quanto a figura paterna tiver sido, na história do indivíduo, fonte de conflito ou revolta. Assim, os traumas ligados ao pai facilmente podem ser transferidos para a figura de um governante repudiado, criando-se então um perigoso elo projetivo. Quanto mais forte o elo, mais intenso o sofrimento e o conflito. Pois “nós não apenas nos amamos nos outros; também nos odiamos neles”.
A cura deste processo patológico individual e coletivo só poderá vir através de um difícil e inadiável exercício de reflexão e autotransformação, para o qual o mantra abaixo poderia servir de estímulo e ponto de partida:
“Que o Bolsonaro que está lá nos ajude a identificar o Bonsonaro que habita em nós, permitindo-nos compreendê-lo, integrá-lo e transmutá-lo em pacífica e edificante (auto)criação”.
José Ramos Coelho – 20 de outubro de 2019

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