sexta-feira, 3 de abril de 2020

DEPRESSÃO TEM CURA

DEPRESSÃO TEM CURA? Sete dicas essenciais para livrar-se dela.
Para os profissionais do ramo, pode ter causado surpresa ou desaprovação eu ter colocado a palavra “cura” para me referir à depressão. De fato, as terapias psicológicas e o discurso médico estão abolindo essa palavra de seu vocabulário. O que isso significa? Que a depressão não tem cura? Não. Essa estratégia revela a falência geral de tratamentos inoperantes que, ao invés de atuar sobre as causas do problema e removê-las, optam pela abordagem dos sintomas.
Há um precioso ensinamento que o estudo da filosofia me legou: não ficar na superfície. Ir ao fundo, às primeiras causas de todas as coisas. Por isso muitos me consideram um radical (que vai à raiz). Sim, sou um radical consciente.
Acredite: a depressão tem cura. E, na grande maioria dos casos, é facilmente curável, caso se adote os procedimentos adequados e pertinentes.
A seguir discorrerei sobre as medidas mais relevantes para se sair de um quadro depressivo.
1ª Dica: FUJA DOS APRISIONAMENTOS SIMBÓLICOS.
Quando alguém, com algum sofrimento psíquico, procura um profissional de saúde para queixar-se de seu mal e pede ajuda, na quase totalidade dos casos o que encontra é, em primeiro lugar, um rótulo e, a seguir, um medicamento.
Nas doenças do corpo é urgente que se identifique qual a doença para que o tratamento adequado inicie-se o mais rápido possível. Por exemplo: estou com febre alta e procuro um hospital. Lá, após alguns exames, sou diagnosticado como portador de uma tuberculose. Essa informação é preciosa. Pois permite que se adote o procedimento correto para combater o bacilo.
No entanto, nas doenças da alma, o diagnóstico atrapalha. E por quê? A razão reside no fato de que, ao receber um rótulo, a pessoa passa a se identificar a ele: “sou bipolar”, “sou psicótico”, etc. E, por outro lado, o profissional que o diagnosticou não tratará mais a pessoa que apresenta um sintoma, mas sim o sintoma que a acomete. Substantivado e alçado ao centro do tratamento, o sintoma subsume e engole a pessoa.
“Tentar me definir”, escreveu o filósofo Kierkegaard, é querer me limitar”. Diagnosticado, rotulado e devidamente etiquetado, o paciente (sic) agora caiu numa arapuca simbólica da qual será muito difícil sair.
Pior: ser-lhe-á dito que o seu transtorno é de origem bioquímica, devido a um desequilíbrio químico no cérebro... E aí o pobre coitado, de um ser humano movido pelos próprios valores e desejos, torna-se refém da bioquímica. E, para completar o estrago: tudo isso tem uma causa genética. Acabou. Fim da linha. Ao procurar uma solução, o paciente (sic) encontrou uma prisão perpétua. Não há mais esperanças...
Fuja disso! Não caia nessa!
2ª Dica: COMPREENDA QUE, MUITO MAIS DO QUE UMA “DOENÇA” OU “TRANSTORNO”, ELA É UM ESTADO.
As campanhas contra (sic) a depressão freqüentemente descambam para o terrorismo. Falam para não subestimar a depressão; não ignorar os perigos desse transtorno, pois ele pode levar ao suicídio...
Na mente das pessoas, a depressão acabou virando uma espécie de monstro perigoso que se aproxima e delas se apossa, dominando-a... Na verdade, o que se chama de “depressão” (odeio nomes e rótulos, pois eles são traiçoeiros) é mais um estado, um modo de ser – ou, como diria o filósofo Heidegger, um tipo de dasein.
Esse modo de ser, de estar-no-mundo, depende fundamentalmente de uma postura, de uma forma de perceber, de um jeito de olhar a realidade e se colocar nela. Isto significa que, quando se muda a perspectiva, imediatamente esse estado se altera. Ou seja: é muito mais fácil curar uma depressão do que reformar um quarto de uma casa.
3ª Dica: ENTENDA A RAZÃO DE SER DA DEPRESSÃO E SUAS GRATIFICAÇÕES.
A causa fundamental da dificuldade encontrada pelos tratamentos e abordagens dos portadores de depressão reside na incompreensão de suas vantagens e gratificações. Como?! A depressão traz alguma vantagem para aquele que a sofre? Sim, sempre.
O sintoma é a obra de arte do neurótico, ou seja, é uma forma criativa que ele encontrou de lidar com algum conflito seu. Por exemplo, uma jovem entrou em profunda depressão e foi afastada do trabalho pelo psiquiatra. Ao investigar-se o seu sintoma, descobriu-se que ela detestava o que fazia no Banco. A depressão veio salvá-la de um emprego odiado. Outro caso: um filho cai em depressão e nenhum tratamento a que se submeteu deu qualquer resultado. A análise do caso tornou claro que o jovem nunca se sentiu amado pelos pais, sempre muito dedicados às suas profissões e afazeres. Após a depressão, o jovem passou a receber a atenção que nunca antes tivera... O seu sonho se realizou a partir da “doença”.
Esse é um princípio básico: enquanto não se descobrir os benefícios da depressão, qualquer tratamento estará irremediavelmente condenado ao fracasso.
Aliás, qualquer tipo de sofrimento psíquico ou físico é sempre uma oportunidade de crescimento e de renovação. Diz o Dr. Edward Bach: “... a doença, posto que pareça tão cruel, é benéfica e existe para nosso próprio bem; se interpretada de maneira correta, guiar-nos-á em direção aos nossos defeitos principais. Se tratada com propriedade, será a causa da supressão desses defeitos e fará de nós pessoas melhores e mais evoluídas do que éramos antes. O sofrimento é um corretivo para se salientar uma lição que de outro modo não haveríamos de aprender, e ele jamais poderá ser dispensado até que a lição seja totalmente assimilada”
4ª Dica: SAIA DA POSIÇÃO DE VÍTIMA.
Regra geral, a pessoa acometida de depressão sente-se presa a alguém ou alguma situação: seja à perda de um ente amado, uma situação que não gostaria que acontecesse, a perda de um emprego, uma ação realizada da qual se arrependeu, etc.
A justificativa da depressão sempre está em algum evento “fora”, ocorrido no passado e que continua afetando a pessoa, ou é a falta de sentido e a perda de interesse por tudo o que acontece.
Ora, quando eu culpo alguém ou algo pela maneira como me sinto, é como se eu me colocasse numa prisão e desse as chaves da minha cadeia para essa pessoa ou situação. Ou seja: se a causa é um vento externo, nada posso fazer para mudar isso.
É tentador culpar alguém pela forma como me sinto. Livro-me da responsabilidade em relação ao meu sofrimento. Por outro lado, ao agir assim, ao mesmo tempo eu me privo de me questionar sobre o que eu efetivamente posso fazer agora para mudar esse estado em que me encontro. Me coloco num estado de passividade e impotência. Saia dessa!
5ª Dica: PEÇA AJUDA.
A pessoa que sofre de depressão tende a se isolar e evitar as pessoas – o que só piora o seu estado. Muitos ficam tentando resolver os seus problemas sozinhos, dissipando o seu precioso tempo de vida num sofrimento interminável...
Fomos criados numa cultura onde os cuidados com o corpo são apreciados e os cuidados com a alma são vistos com temor ou preconceito. “Fazer terapia? Não sou doido!” Esse raciocínio, transposto para o corpo, poderia expressar-se assim: “Ir para a academia? Não sou aleijado!”. É ridículo.
Ao ter a humildade de pedir ajuda, o sujeito se livra de uma arrogância temerária e pode conseguir, em poucos semanas, algo que demoraria anos ou décadas para alcançar.
6ª Dica: MUDE SEU ESTILO DE VIDA.
Um complicador no tratamento da depressão é que ela é multifatorial. Ela começa a partir de valores, decisões e opções equivocadas, as quais vão se enraizando e afetando não apenas a mente, mas também o corpo da pessoa.
Basta dizer que mais de 80% do hormônio do bem estar, a serotonina, é produzido no intestino. Ou seja, se adoto uma alimentação desequilibrada, rica em açúcares e massas refinadas, posso desequilibrar a biota intestinal e ficar com uma “depressão química”. Assim, saudáveis hábitos alimentares, dando preferência aos alimentos orgânicos e naturais torna-se uma excelente opção.
Ao mesmo tempo, a pessoa depressiva tende a se isolar e não sair de casa, o que a impede de tomar sol, privando-se da chamada “vitamina D”, a qual, na verdade, é o mais poderoso hormônio do corpo humano. Com isso só piora o seu quadro físico e mental.
Além disso, a pessoa tende a se sentir desanimada e sem energia, o que a afasta das atividades físicas e dos exercícios. Esse é um enorme erro. A prática de exercícios físicos, especialmente os mais intensos, anaeróbicos, ou algum esporte de movimento, liberam hormônios do bem estar que impedem e combatem a tristeza e a depressão.
Assim, procurar dormir bem, ter hábitos saudáveis, boa alimentação, praticar atividades físicas – todas essas atitudes contribuem poderosamente para evitar o estado depressivo.
7ª Dica: PRATIQUE DIARIAMENTE MEDITAÇÃO.
Para todos, é altamente recomendável a prática diária da meditação. Terapia e Meditação, Meditação e Terapia: não há nenhum conflito ou distúrbio que resista a esta combinação infalível.
A observação serena dos próprios afetos, sensações ou pensamentos, sem apego ou repulsa, a prática contínua da contemplação é o melhor antídoto para todo e qualquer malestar da alma.
Estamos acostumados a apegar-nos não apenas às coisas exteriores, mas igualmente aos nossos próprios pensamentos, desejos e sentimentos. Esses apegos, exteriores ou interiores, são fontes do nosso senso usual de identidade, representado pelo nome próprio, que nos distingue dos demais.
Esse eu egóico, com o qual nos identificamos, é um eu contaminado e dominado por conceitos, sensações e emoções perturbadoras. O estado de equilíbrio da alma pressupõe uma atitude de equanimidade frente aos nossos apegos e repulsas, aos nossos prazeres e desprazeres – e é precisamente isso o que a contemplação nos possibilita: colocarmo-nos no lugar do observador sereno, neutro e imparcial.
Quanto mais meditamos, quanto mais contemplamos tudo aquilo que caracteriza o eu egóico, mais adquirimos a convicção de que o observador é algo que paira além - um Eu puro ou
transcendental.
“(Meus) pensamentos estão tristes”, posso então constatar; mas eu, que na prática meditativa observo esses pensamentos, estou desidentificado deles: eles estão aí perante o meu olhar, mas este que olha não está nesses pensamentos tristes.
Esse distanciamento na presença faz toda a diferença: não há mais fuga, nem medo, nem agitação: existe apenas o olhar que contempla tudo o que se mostra.
Esse é o verdadeiro olhar libertador, pois livra a alma de todos os condicionamentos aprisionantes, os quais se manifestam nas oscilações dos pensamentos, desejos e afetos na mente.
O ato de meditar é um ato completo em si mesmo. Quando se medita pensando na obtenção de alguma outra coisa ou vantagem, a meditação cessa. No entanto, embora o ato de meditar não vise nada além de si mesmo, traz junto consigo – ao contrário da medicação com psicoativos - uma série de efeitos colaterais altamente desejáveis, tais como: fortalecimento do sistema imunológico, diminuição da pressão arterial, sensação de paz, discernimento, autoconhecimento, equilíbrio emocional, aumento da inteligência, da memória e da capacidade de concentração, retardamento do envelhecimento, desenvolvimento de faculdades paranormais, incremento da criatividade, ampliação da liberdade e autodeterminação, elevação espiritual, etc.
Quando decide seguir o caminho da contemplação, o indivíduo descobre a sua pureza e santidade originais, tornando-se cada vez mais imune aos apegos, sofrimentos, vícios, dependências, doenças e perturbações. E quando (re)encontra neste caminhar o centro de si mesmo, lá se depara na paz inenarrável do silêncio com o seu Eu superior que o aguardava em sua própria morada.
A incorporação da prática diária da meditação em nossas vidas é um dos melhores antídotos contra o narcisismo e o egoísmo reinantes em nossos dias, conduzindo-os a um estado de paz, equilíbrio e espírito compassivo.
Essas as melhores dicas que conheço para retirar alguém de um estado depressivo.
José Ramos Coelho – 06/08/2019.

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