quinta-feira, 18 de julho de 2013

OS PECADOS CAPITAIS - a Inveja

OS PECADOS CAPITAIS – a Inveja

Do latim “invidia” = sentimento de desgosto em face do bem alheio, acompanhado do desejo de que esse bem seja destruído. O invejoso não suporta a felicidade alheia, e ambiciona seus gozos e bens, desejando também que o outro não desfrute daquilo que tem. In-video, literalmente, significa: “aquele que não pode ver-te”. E não pode ver porque passa mal. Pois, como disse o poeta Horácio, “O invejoso emagrece com a gordura alheia”.

A maior desgraça para um invejoso é ver alguém feliz. Se você é feliz, esse é o pior castigo para quem o odeia e inveja, porque o outro sofre com o seu bem-estar.

Percebe-se bem a natureza da inveja quando a comparamos com a admiração. Quando contemplamos alguém que admiramos, sentimos bem-estar e grandeza. Frequentemente o tomamos como modelo de vida e esforçamo-nos em ser iguais a ele. Já quando vemos o outro com um olhar de inveja, nos sentimos diminuídos e incomodados, e quase sempre desejamos a sua ruína.

A ostentação de privilégios ou qualidades exacerba e atiça ainda mais a inveja. O invejado se nutre do mal-estar do invejante. O desejo de aquisição dos símbolos sociais de status (carrões, mansões, iates, etc.) são, em grande medida, determinados pela ostentação e o desejo de fazer os outros morrerem de inveja.

Qual a origem da inveja? De um lado, há um sentimento de menos valia que corrói a alma do invejoso. Falta-lhe gratidão e satisfação por aquilo que tem ou aquilo que é. Por outro lado, como se sente interiormente frustrado, revolta-se com os benefícios ou a felicidade alheia. O desejo de despojar, de expropriar o outro daquilo que possui, está na raiz do pecado da inveja. É um pecado solidário e torturante para o próprio pecador.

Frequentemente o invejoso, diante daqueles que querem ouvi-lo, espalha a ideia de que o outro não merece o que tem ou a vida que leva. Dessa atitude se originam a mentira, a traição, a intriga e o oportunismo.

Mas nem sempre a inveja é socialmente danosa e nefasta. Muitas vezes o pecado da inveja se camufla e disfarça através de reivindicações de justiça e igualdade. Desta forma, ocorre uma mutação na sua natureza: ao invés de simplesmente querer a destruição do outro, pleiteia a democratização ou socialização dos privilégios que ambiciosa. Neste sentido, a inveja serve para fortalecer o jogo democrático ao impedir que uns gozem de direitos e outros não.

A origem do pecado da inveja – como a de todos os outros - está na experiência da separatividade: se sou empático em relação ao outro, consigo sentir o que ele sente e alegrar-me com a sua alegria. Mas se o vejo como um outro, a sua alegria pode ser a negação da minha individualidade.

Para o mal da inveja o melhor remédio é a magnanimidade.

(José Ramos Coelho)

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