Avareza:
Avareza,
do latim avaritia = cobiça, avidez, ambição exacerbada por dinheiro ou,
num sentido mais amplo, por qualquer bem em geral.
Para
o avarento, o acúmulo de bens significa poder, aumento de ser. A tendência a
acumular vai se tornando cada vez mais obsessiva e, de meio para a obtenção de
bens, se converte num fim em si mesma: o avaro se torna cativo de sua própria
obsessão.
O
paradoxal é que ao longo deste processo, o gozo do bem em si mesmo vai se tornando
supérfluo, e o acúmulo em si mesmo se torna essencial.
A
consequência disso é que o avarento, querendo ser invejado e admirado pelas
suas posses, perde a capacidade de estabelecer relações humanas autênticas e
espontâneas. Se o índice de qualidade de
sua vida rege-se pelo acúmulo de dinheiro, o avaro não pode deixar de pensar
nos milhões que deixa de ganhar enquanto “perde tempo” na companhia de um
filho, um amigo ou companheiro.
Isso o
exaspera e o torna uma pessoa árida, seca e solitária.
A
sua desconfiança nas relações humanas é reforçada pelo seu temor de que os
outros possam se apossar ou cobiçar o que ele tem – e aí ele se tranca e realimenta
o seu isolamento ainda mais.
Como a única coisa que para ele importa é
acumular cada vez mais, as outras pessoas convertem-se facilmente em
instrumentos ou meios para ampliar ainda mais a sua retenção.
Isto
via de regra conduz o avaro a comportamentos injustos, ingratos ou desonestos,
pois ele desloca o amor pelas pessoas ao apego a coisas. Não titubeia em ludibriar os outros ou mesmo
espoliá-los se através disso possa vir a acumular mais para si.
Refém
renhido de sua obsessão, além de afastar os outros do usufruto de seus bens,
evita até ele mesmo dispor daquilo que com tanto empenho acumula – a
necessidade de acumular se sobrepõe ao usufruto da coisa acumulada. A necessidade de acúmulo perde todo o seu
sentido social, ou melhor, torna-se algo completamente anti-social.
Exemplos
de avareza:
Acumular
dinheiro.
Colecionar
objetos.
Poupar
afetos.
Acumular
conhecimentos, etc.
E
o que gera esta necessidade de reter, colecionar, acumular? A motivação é o
temor de recair numa situação de penúria e miséria vivida no passado ou que
possa vir a sofrê-la no futuro. Mas esse mecanismo de proteção se torna tão
forte e autônomo que, mesmo quando se tenha juntado o suficiente, o que se
acumulou nunca é o bastante.
“A
quem não basta pouco, nada basta” (Epicuro).
O
aspecto virtuoso da avareza é proteger o indivíduo de uma situação de penúria
real ou imaginária; o pecado da avareza é excluir os demais e ao próprio avaro
daquilo que acumula.
A
tragédia do avaro é que, nessa busca insaciável por riqueza, sente-se cada vez
mais insatisfeito, solitário e miserável.
O
remédio contra a avidez é a generosidade. Dar o que se tem restitui aos bens a
sua utilidade social, inserindo o doador numa corrente de interações afetivas
que lhe engrandecem e preenchem a alma.
O
compartilhamento de ideias, bens, sentimentos e afetos é uma das mais intensas
e gratificantes experiências que a vida pode nos oferecer.
(José Ramos Coelho)
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