sábado, 13 de julho de 2013

OS PECADOS CAPITAIS: a Avareza.

Avareza:

Avareza, do latim avaritia = cobiça, avidez, ambição exacerbada por dinheiro ou, num sentido mais amplo, por qualquer bem em geral.

Para o avarento, o acúmulo de bens significa poder, aumento de ser. A tendência a acumular vai se tornando cada vez mais obsessiva e, de meio para a obtenção de bens, se converte num fim em si mesma: o avaro se torna cativo de sua própria obsessão.

O paradoxal é que ao longo deste processo, o gozo do bem em si mesmo vai se tornando supérfluo, e o acúmulo em si mesmo se torna essencial. 

A consequência disso é que o avarento, querendo ser invejado e admirado pelas suas posses, perde a capacidade de estabelecer relações humanas autênticas e espontâneas.  Se o índice de qualidade de sua vida rege-se pelo acúmulo de dinheiro, o avaro não pode deixar de pensar nos milhões que deixa de ganhar enquanto “perde tempo” na companhia de um filho, um amigo ou companheiro.  
Isso o exaspera e o torna uma pessoa árida, seca e solitária.

A sua desconfiança nas relações humanas é reforçada pelo seu temor de que os outros possam se apossar ou cobiçar o que ele tem – e aí ele se tranca e realimenta o seu isolamento ainda mais.

Como a única coisa que para ele importa é acumular cada vez mais, as outras pessoas convertem-se facilmente em instrumentos ou meios para ampliar ainda mais a sua retenção. 

Isto via de regra conduz o avaro a comportamentos injustos, ingratos ou desonestos, pois ele desloca o amor pelas pessoas ao apego a coisas.  Não titubeia em ludibriar os outros ou mesmo espoliá-los se através disso possa vir a acumular mais para si.

Refém renhido de sua obsessão, além de afastar os outros do usufruto de seus bens, evita até ele mesmo dispor daquilo que com tanto empenho acumula – a necessidade de acumular se sobrepõe ao usufruto da coisa acumulada.  A necessidade de acúmulo perde todo o seu sentido social, ou melhor, torna-se algo completamente anti-social.

Exemplos de avareza:
Acumular dinheiro.
Colecionar objetos.
Poupar afetos.
Acumular conhecimentos, etc.

E o que gera esta necessidade de reter, colecionar, acumular? A motivação é o temor de recair numa situação de penúria e miséria vivida no passado ou que possa vir a sofrê-la no futuro. Mas esse mecanismo de proteção se torna tão forte e autônomo que, mesmo quando se tenha juntado o suficiente, o que se acumulou nunca é o bastante.

“A quem não basta pouco, nada basta” (Epicuro).

O aspecto virtuoso da avareza é proteger o indivíduo de uma situação de penúria real ou imaginária; o pecado da avareza é excluir os demais e ao próprio avaro daquilo que acumula. 

A tragédia do avaro é que, nessa busca insaciável por riqueza, sente-se cada vez mais insatisfeito, solitário e miserável.

O remédio contra a avidez é a generosidade. Dar o que se tem restitui aos bens a sua utilidade social, inserindo o doador numa corrente de interações afetivas que lhe engrandecem e preenchem a alma.

O compartilhamento de ideias, bens, sentimentos e afetos é uma das mais intensas e gratificantes experiências que a vida pode nos oferecer.  


 (José Ramos Coelho)

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